Os escândalos envolvendo a Prefeitura de Matozinhos da gestão da prefeita Zélia Pezzine e do vice-prefeito Vinícius Araújo”, parece não ter fim. No dia 13 de junho, durante reunião da “CPI do Obras”, dois fatos chamaram atenção.
O primeiro, foi pelo não comparecimento de servidores municipais, que foram devidamente convocados para falar na CPI sobre os supostos desvios. Todos eles são servidores públicos na prefeitura de Matozinhos e que deveriam ter cumprido com a convocação dos vereadores para falar na CPI.
Os convocados foram a Secretária de Fazenda e a Contadora da Prefeitura de Matozinhos, mas, ambas não respeitaram o pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito. No entanto, apesar de não terem comparecido, foi enviado um ofício, assinado pela prefeita Zélia justificando a ausência dessas servidoras sob a alegação que elas não tem “nada a ver com as investigações”.
O procurador da casa, o advogado Dr. Carlos Godoi, esclareceu aos vereadores que a convocação deveria sim ser cumprida pelos servidores e que a prefeita não deveria ter enviado o oficio, pois aparentemente demonstra que a prefeitura está impedindo os servidores de prestar depoimento aos vereadores.
De todo modo, durante a reunião, os vereadores decidiram novamente realizar a convocação das servidoras, de forma a tentarem prestarem depoimento no próximo dia 20/06, no plenário da Câmara. Caso elas não compareçam novamente, a procuradoria da Câmara poderá solicitar que elas compareçam via medida judicial e caso não cumpram, poderão responder pelo crime de desobediência.
O segundo fato que marcou a seção, foi o comparecimento do ex-motorista da AMAV, Sr. Eduardo Barbosa, que trabalhou na associação entre 2014 e 2022, e grande parte desse período dirigindo caminhão na execução do contrato entre a AMAV e a prefeitura de Matozinhos. Eduardo respondeu a diversas pergunta feitas pela comissão, tentando esclarecer fatos relativos ao tipo de caminhão que dirigia, se ele atuava no município de forma frequente e principalmente como eram os serviços que ele realizava.
Entre uma resposta e outra, ele chegou a desabafar falando que estava ficando “doente por trabalhar em Matozinhos”. Alegou que seus superiores eram bem desorganizados e que as demandas de trabalho eram passadas por telefone e que não havia uma ordem de serviço ou uma planilha de execução.
Sob a realização dos serviços ele respondeu que: “Diariamente eles ligavam pra gente na parte da manhã e mandava fazer determinado serviço. Às vezes, ligava de novo e mudava os serviços que eram para ser feito”.
Eduardo falou ainda sobre outras dificuldades enfrentadas no município impostas pela atual gestão, além de escandalizar a todos, afirmando que chegou a ser “Uber de caminhão”, onde era obrigado a buscar e levar funcionários da AMAV em determinados locais de serviço, sendo que os custos eram bancados pela prefeitura de Matozinhos.
Eduardo esclareceu ainda que já prestou serviços em diversas prefeituras e que todas eram diferentes ao modo de trabalho em comparação com Matozinhos. “Nas outras prefeituras tem um carro especifico para levar o operador onde a máquina estava. Em Matozinhos eu tinha que levar no caminhão e isso me fazia perder uma hora e meia de serviço todo dia”. Eduardo informou ainda que nas outras prefeituras o “chefe de serviço” ficava de cima da equipe, mas em Matozinhos não.
Confira parte de seu depoimento:
“Aqui na Prefeitura de Matozinhos a gente não podia falar nada, mesmo quando tinha algo errado sobre o uso do caminhão. Tenho saudades da população, mas não de trabalhar na AMAV. Tínhamos que trabalhar calados, tanto eu como os demais funcionários”.
“Tinha que eu recebia ordens para buscar e levar chefes em casa usando o caminhão alugado da AMAV, independentemente de onde eu estivesse. Aí eu parava o trabalho mais cedo para fazer esse serviço de Uber para eles”.
“Um dia o caminhão estragou na estrada de Mocambeiro, entrou ar no motor. Passou um servidor da prefeitura, viu, não parou, não deu assistência, não perguntou o que tinha acontecido. Aí, depois chega uma carta da AMAV para mim falando que eu estava na sombra com caminhão parado e que caberia justa causa. Pelo que estava na carta parecia que eu era um moleque”.
“Eu já chorei várias vezes, chegava em casa e chorava, mas a gente tem que trabalhar, tem família para criar, tenho esposa, filho, e não é fácil”, desabafou Eduardo Barbosa.
Por fim, Eduardo analisou alguns documentos que os vereadores apresentaram a ele, para conferencia de assinatura. Esses documentos eram supostos planilhas de conferência de serviço que a AMAV enviou para prefeitura para comprovar os serviços prestados e horas trabalhadas. Eduardo negou que as assinaturas eram dele, apesar dele ser o motorista que trabalhava no município. Isso deixou no ar se as planilhas enviadas foram falsificadas ou não.
Esse depoimento e outras informações relativas a CPI do Obras você pode conferir na integra através dos canais da Câmara Municipal de Matozinhos.
Da redação com Jornal Hoje em Dia