Uma nuvem de fumaça marrom dividiu o céu de Belo Horizonte na manhã desta terça-feira (8 de agosto). A ‘fumaça’ é, na verdade, poluição acumulada e resultado do clima de deserto que atinge a capital. De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Claudemir de Azevedo, nesta terça, em especial, BH registra umidade do ar em torno dos 17-18%, o que indica estado de alerta.
O meteorologista Azevedo explica que o fenômeno da nuvem de poluição, vista a olho nu, é chamado de inversão térmica. Como o tempo está seco e estável, isto é, com ventos fracos, o contato da massa de ar fria, característica da noite, com a massa de ar quente, do sol da manhã, prende a poluição no ar. “O ar mais frio tende a ficar mais próximo à superfície por ser mais pesado, já o quente se sobrepõe. Essa inversão impede o movimento do ar e faz com que os poluentes fiquem retidos ali no meio, criando essa cortina de fumaça”, detalha.
Segundo ele, mesmo sendo um fenômeno típico de inverno, a inversão térmica é intensificada pela umidade do ar em estado crítico em BH. “Esse processo ocorre todo ano nessa época de inverno, mas, claro, é intensificado por causa da baixa umidade do ar. O ar fica ‘parado’ e, então, os poluentes formam essa camada que não se dispersa”, continua.
A capital está em alerta para tempo seco até, pelo menos, a próxima sexta-feira (11 de agosto), com índices de umidade relativa do ar abaixo de 30%, de acordo com a Defesa Civil. Só para se ter uma ideia, o ideal definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 60%. “Estamos no auge do período de estiagem. Hoje (8/8), Belo Horizonte está registrando umidade do ar em torno dos 17-18%, que é muito baixa. Isso também contribui para a ocorrência de queimadas”, define o meteorologista.
Partículas do ar das queimadas também estão na ‘nuvem de fumaça’
Minas Gerais registra em média um incêndio em vegetação por hora, de acordo com levantamento do Corpo de Bombeiros Militares (CBMMG). Nesta terça (8 de agosto), um incêndio atinge o Parque Nacional da Serra do Gandarela, entre Raposos e Nova Lima, na Grande BH, e partículas de poluição das chamas também resultam na nuvem de fumaça vista na capital. “Queimadas, fuligens, tudo isso contribui para aumentar a poluição atmosférica e reduzir a qualidade do ar, especialmente nesta condição de tempo seco e estável, com ausência de nuvens. Toda essa composição acaba gerando o acúmulo de poluição próxima à superfície”, descreve Azevedo.
Segundo o Ministério da Saúde, a poluição afeta as vias respiratórias, agravando os quadros de doenças prévias, como rinite, asma, bronquite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Os extremos de idade, ou seja, crianças e idosos, são os que mais sofrem, por serem mais sensíveis.
Fonte:O Tempo