A Câmara Municipal de Matozinhos, iniciou nesta semana a distribuição de um informativo oficial, edição exclusiva, sobre a CPI do Obras, instaurada para investigar os trabalhos realizados pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Matozinhos, levando a um suposto desvio de recursos públicos em mais de 20 milhões de reais.
Em apenas oito páginas, o informativo traz a tona o que pode ser considerado o maior esquema de corrupção da história da cidade de que se tem conhecimento, coincidentemente (ou não), no ano e mês que se comemora o seu bicentenário.
O jornal, impresso em papel couche, é bastante didático em suas páginas iniciais, explicando o que é uma CPI, porque foi instaurada, explica quem é a AMAV, a associação de municípios envolvida nas investigações, os principais pontos da investigação e como os vereadores estão investigando.
DEPOENTES ABRIRAM O JOGO
A página seis do informativo apresenta o que diz alguns depoentes. O primeiro é “Gilberto Albano, motorista e proprietário de caminhão que prestou serviço para prefeitura via AMAV e informou que emitiu nota fiscal fria a pedido do ex-subsecretário da prefeitura, Francisco Alves, e que além disso, descobriu que na prefeitura tinha dois caminhões cadastrados como dele e que prestava serviço para prefeitura, mas na realidade, esses veículos não eram dele e muito menos eram caminhões, mas sim um veículo Gol e um veículo Corolla, comprovando a fraude”, diz o texto.
O segundo trecho, trata dos depoentes “Jairo Marques, motorista e proprietário de trator, e sua ex-mulher, Lidiane Pereira que também confirmaram em depoimento aos vereadores que prestaram serviço para prefeitura via AMAV, e que a pratica do desvio de recursos ocorria sempre por ordem do ex-subsecretário, Francisco Alves, que ordenava a emissão de notas frias. Além disso, Lidiane confirmou que recebia os valores e depois sacava o dinheiro no banco e entregava nas mãos do Francisco na porta da prefeitura”.
OUTRAS POLÊMICAS
Sobre outras polêmicas, de acordo com o tabloide legislativo, “conforme documentos recebidos pela CPI, a prefeitura pagava pelo aluguel de caminhões que não existiam, sendo que uma das notas apontava a placa de uma moto e não de um caminhão, inclusive, a moto era roubada conforme apurado pela polícia civil. Outro caminhão que a prefeitura pagava, também a placa era de um veículo no estado do Pará. Ao todo, foram mais de 55 placas adulteradas/falsificadas que alimentavam o suposto esquema de desvio de recursos da prefeitura de Matozinhos”.
COMPRA DE TERRENO SOB SUSPEITA
Ainda, foi apresentado suposto esquema na compra de terreno da escola: “Outro fato que os vereadores estão investigando pela CPI é a situação que envolve o terreno que a prefeitura adquiriu para a construção da Escola Municipal Branca Martins. O imóvel foi adquirido pelo valor de aproximadamente 10 milhões de reais, porém, o que chamou atenção é que o terreno foi comprado em dois momentos distintos”.
“Primeiro a prefeitura comprou uma parte pagando o valor de R$800,00 pelo metro quadrado. Totalizando o valor de R$2.640.000,00. Nove meses depois, a prefeitura comprou o restante do terreno pagando o valor de R$1.250,00 pelo metro quadrado totalizando o valor de R$ 7.120.000, pela segunda parte. Ao todo investimento no valor de R$ 9.760.000. Para piorar a situação, uma pericia foi realizada e confirmou que o terreno está avaliado em R$2.950.000,00.
“Além da diferença de valores, e obscuridade da compra, a prefeitura não passou a aquisição para conhecimento da Câmara conforme ordena a legislação, o que chamou atenção dos parlamentares, se também há desvio de recursos nessa aquisição. Entre compra de terreno e construção da escola, a prefeitura planejava gastar mais de 22 milhões de reais”, afirmou.
CONCLUSÃO
Nesta quinta-feira, 10 de agosto, está sendo concluído os trabalhos da CPI com a leitura do relatório final que apresentaremos em breve os detalhes.
A tiragem apresentada no expediente do jornal é de apenas 3 mil exemplares, no entanto, a previsão do plano de mídia da empresa contratada para divulgar os trabalhos da CPI, com impressão e distribuição, foi de 12 mil informativos, tamanho a3 dobrado, em três edições.
Até a publicação desta matéria, a Prefeitura de Matozinhos, através da Assessoria de Imprensa, não havia respondido o nosso pedido de posicionamento quanto ao informativo.
Confira o Informativo na íntegra AQUI.
Da redação